A Amizade e o Mundo Horizontal



Por aqui todos se chamam de amigos. Somos amigos…conhecemos o casal X…somos amigos, trocamos com o casal Y…somos amigos. Mesmo passado o tesão, continuamos a referirmo-nos a todos como os “amigos do meio”.

Porque somos todos seres com identidade e individualidade, por vezes a soma das partes resulta num todo, que nem sempre nos preenche.

Mas seguimos caminho! Tudo acrescenta ao processo.

O que é bom mantém-se, guarda-se, cultiva-se. O que não dá, e tira, fica por isso mesmo: traz experiência mas não nos faz crescer neste meio.

Por vezes, os encontros são fugazes, e o que interessa é o número de orgasmos e a rapidez com que se atingem. Indicadores relacionados com performance e não com amizade! São valores e não sentimentos que se partilham em alguns encontros.

Nós sentimos que a amizade não se quantifica…sente-se! Demostra-se na forma como queremos bem aos que nos querem e aos que em algum momento nos quiseram.

Reconhecemos que estas amizades possuem algo de peculiar. Pois neste caso serão dois casais, quatro pessoas, que no final formam uma só entidade que partilham entre si intimidade, desejo, fantasias e vão criando laços de amizade. Como um carrossel… a partilha leva à conexão e a conexão à partilha.

A amizade até pode ser irmã do amor, mas se queremos que a paixão perdure neste meio e que a familiaridade não arrase o que nos liga, não dá para deitar a amizade e o amor na mesma cama. Neste caso, deitamos na mesma cama o desejo e a amizade. Não pode ser porque a mulher é gostosa ou o homem nos parece capaz de nos levar ao orgasmo várias vezes. É o desejo inicial de conhecer mais, melhor e intimamente que nos move!

Pode até ser algo que sempre volta, em cada encontro, que se resgata e reinicia exactamente no mesmo momento em que se interrompeu.

A amizade com intimidade cultiva-se! É impulsionada pelo desejo e leva-nos a sentir, desfrutar e gozar profundamente os prazeres que os elementos trazem para este centro de profunda partilha. A amizade exige raciocínio e cuidado na forma como gerimos e cuidamos de quem tem amizade por nós.

É fundamental gostar profundamente das pessoas que nos fazem sentir seguros, sem ser preciso pesar o que se pensa, nem medir o que se diz. Se estão bem, nós estamos felizes e realizados, mesmo que isso represente que nunca mais tenhamos oportunidade de “dar mais uma volta ao carrossel”.

Assim, como forma de apreço aos bons momentos que temos partilhado, às tertúlias, aos desabafos, às alegrias, às frustrações e aos sucessos - no fundo à vida - reflectimos sobre esta caminhada e estamos felizes por nos demonstrarem que há sensações que nunca tínhamos tido e nem sabíamos o quanto íamos gostar. Que há pensamentos que a mente formatada pelo mundo vertical não atingia. Aqui têm expressão e aceitação!

Reconhecemos que os “amigos” são partes que nos permitem ir fazendo o todo Conseguimos através destes amigos criar um mundo pronto para partilhar. É especial!

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